“Consegui os mínimos para Xangai na época passada e o objetivo depois é participar nos Mundiais na melhor forma. É muito complicado estar 11 meses, ou seja, uma época a pensar que a prova está tão longe. É a parte psicológica, termos que treinar todos os dias e estar a pensar que já faltam menos meses para os Mundiais, não é fácil gerir isso. A verdade é que o grande objetivo é chegar aos Mundiais e tentar os mínimos para os Jogos Olímpicos. Até lá vou participando em provas de avaliação, estamos no bom caminho, agora é continuar”, afirmou a atleta, que já tem «passaporte» nos 200 metros mariposa para os Mundiais de Xangai, que se realizam de 24 a 31 de julho.
A atleta portuense, de 25 anos, aponta os Nacionais de Abril e as provas internacionais como provas “muito importantes” até aos Mundiais, “tem que ser ali” a obtenção de mínimos para os Jogos Olímpicos de 2012. “Vou tentar chegar perto dos mínimos para Londres nos Nacionais, apesar de ser difícil estabelecer dois grandes picos de forma. Quanto mais experientes que somos, mais percebemos que não podemos apontar mínimos para duas vezes. Vai ter que ser ali nos Mundiais, naquele momento, e não podemos andar a experimentar”, salienta a nadadora.
Sara Oliveira, orientada pelo técnico José Silva, recorda o que sentiu nas várias tentativas falhadas de mínimos para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004: “Não vale a pena, desgasta psicologicamente. Cada vez que falhamos, perdemos forças e vamos mais abaixo. É muito difícil manter a confiança e depois não acontecer. Vamos ter de apontar no máximo três provas para fazer os mínimos. Espero que seja logo à primeira. Estamos a falar, para já, de Mundiais de Xangai sem pensar que existe outras provas. O problema das muitas oportunidades é que se pensa que se não é agora é na próxima”.
O mesmo não aconteceria em 2008, ano em que participou nos Jogos Olímpicos de Pequim nas provas de 100 e 200 metros mariposa, naquele que foi o momento mais alto da sua carreira.
Questionada sobre se conta atingir a final nos Mundiais de Xangai, a nadadora «azul e branca» diz que “é muito precoce falar nisso agora”, mas “ninguém nos proíbe de sonhar”. “Os meus objetivos passam por evoluir a cada dia que passa. Estabeleço como objetivo a meia-final. Se o trabalho continuar a ser feito como tem sido feito até agora, é natural que essa meia-final surja. A competição é fruto do treino”, acrescentou.
Sara Oliveira, estudante de mestrado de Desporto e Comunicação, conseguiu, nos Mundiais do Dubai de 2010, estabelecer novos recordes nacionais nos 50, 200 e 100 metros mariposa, tendo atingido nesta última distância as meias-finais (16.º lugar).
Foi um ano de grande nível para a nadadora do FC Porto/Dolce Vita. Voltou, oito anos depois (Berlim-2002, 7.ª classificada nos 200 mariposa), a qualificar-se para uma final num Campeonato da Europa, desta feita em Budapeste, onde foi oitava nos 100 mariposa. No curriculum de Sara Oliveira brilha uma medalha de bronze (100 mariposa) nos Europeus juniores de Malta em 2001.
“Sinto falta de concorrência”
Sara Oliveira mostrou-se em bom plano no 5.º Meeting Internacional da Póvoa de Varzim, recentemente realizado, ao voltar a ser a melhor atleta portuguesa em competição, mas sente “falta de concorrência”. A nadadora do FC Porto/Dolce Vita venceu os 50, 100 e 200 metros mariposa e garantiu o terceiro lugar nos 50 livres e na estafeta de 4x100 livres.
“Faço um balanço positivo, as equipas estavam muito fortes. O ano passado neste meeting tinha uma israelita muito forte, a Imit Ivry, que compete diretamente comigo em Europeus e Mundiais e já sabia que ela não vinha este ano porque está a fazer um estágio na Austrália. Mesmo ganhando as provas todas de mariposa, sinto falta de concorrência, que me faça aprender a continuar a treinar as competições. Para avaliar, temos as provas nacionais. Falta-nos uma competição mais forte, mais direta”.
Para a atleta portuense “a natação é um desporto individual e quem não gosta de competir terá dificuldades em conseguir atingir objetivos”. “Comecei mais a agarrar-me à competição em si do que aos tempos. Não me importo de perder quando consigo fazer bons tempos”, acrescentou.
Sobre a ausência de alguns dos melhores nadadores nacionais numa prova de avaliação como o Meeting da Póvoa de Varzim, que marcou o arranque das competições de 2011 em piscina longa, Sara Oliveira diz que “cada nadador português tem que fazer o seu calendário desportivo e delinear os seus objetivos, dependendo também da sua equipa e das condições que oferece, se pode ou não participar nestas competições”. “Eu gosto de competir com o desconhecido porque lá fora é sempre o desconhecido. Temos que ir aprendendo para chegarmos lá e não sermos surpreendidos. Aqui já sabemos os pontos fortes e fracos de uns dos outros”, refere a atleta.
Sara Oliveira é da opinião que “devemos ter atletas portugueses de qualidade nos meetings e que esses atletas portugueses de qualidade conseguem evoluir competindo com os atletas estrangeiros de qualidade”. “Quando competimos entre nós, depois vamos chegar lá fora e será sempre o desconhecido. O interessante para atletas campeões nacionais é competir com atletas internacionais”, reforça a nadadora.
A mariposista considera que “os portugueses se calhar acham que é um bocado injusto não haver restrição no acesso às finais [Meeting da Póvoa de Varzim], em parte concordo, mas por outro lado são os portugueses que têm de lutar para estar lá. O nível é o que é, estamos num meeting internacional. Temos de saber competir com eles e se queremos ir às finais temos de ser melhores e deixá-los para trás”, concluiu a atleta internacional.
Sara Oliveira, detentora de todos os recordes nacionais de mariposa em piscina curta e longa, encontra-se neste momento a cumprir um estágio de preparação da Seleção Nacional, a decorrer no Funchal até dia 24.
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