sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nuno Quintanilha em «Os Jogos de 2012 são a minha grande meta» in "A Bola"

Atleta aposta apenas na mariposa. Mínimos nos 200 metros garantem lugar no primeiro Europeu sénior. Nuno Quintanilha surpreendeu muita gente ao conquistar o segundo lugar nos 200 metros mariposa, no campeonato francês, mas não a si próprio. «Foi bom o resultado, o tempo também, mas esperava um pouco melhor, na casa do 1.58 minutos, sobretudo porque nadei quatro vezes a 1.59 m», revela exigente.

O estágio da Selecção Nacional, em Tenerife, onde se encontra no momento, é a porta de entrada no lote de portugueses que estará nos Europeus, em Agosto. «A não ser que apareça alguém de quem ouvimos falar, acho que sim, que nadarei os 200 m mariposa», conta envergonhado. «Mas os Jogos Olímpicos de 2012 é que são a minha grande meta», anuncia.

«As Universíadas foram excelentes e o Europeu é mais uma etapa, para ganhar experiência e crescer em termos competitivos. Ainda não pensei bem nas expectativas, mas espero baixar estes tempos e aproximar-me da minha melhor marca que é 1.58,21 m», conta o nadador que começou a sua carreira como brucista.

«Comecei também a treinar mariposa, depois passei a trabalhar nos dois estilos e os resultados apareceram. Agora quase nem treino bruços». Curiosamente é na mariposa que a concorrência é maior, mas isso não assusta o atleta de 22 anos. «É bom. Somos quatro [Pedro Oliveira, Diogo Carvalho e Duarte Mourão] e quanto melhor for o nível melhor para todos! Pior é nos Jogos que só podem ir dois... Mas até lá temos muito que trabalhar!».
Seguro da ida ao Jogos-2012
Marcar presença em Londres, dentro de dois anos, é uma ideia que está bem definida na cabeça do nadador. «Sempre tive vontade de ir aos Jogos, embora inicialmente este objectivo não estivesse muito definido. Agora é diferente. Estou seguro que é precisamente por esse caminho que quero ir. Provavelmente porque estarmos lá fora ajuda. Fazer bons resultados é um estímulo enorme, sobretudo, psicológico. Sempre gostei de natação, desde pequeno, e claro que todos sonhamos com uma presença nos Jogos, com medalhas, com aqueles momentos. Claro que depois crescemos e perdemos a inocência, enfrentamos a realidade e percebemos como tudo é tão mais difícil», remata com uma gargalhada.
«Há pouco envolvimento na natação»

Estados Unidos não seduzem Quintanilha mas em Portugal muita coisa podia mudar
Começou a nadar a sério aos 11 anos mas quase por acaso. «Estava numa aula de música quando passaram uma lista de actividades para escolhermos. Assinalei de imediato a natação. Quando cheguei à primeira aula, o professor, que seria depois meu treinador, disse 'Vamos dar uma braçadinhas e ver como se sentem'. Dei umas braçadas e ele mandou-me parar logo! Perguntou de imediato se queria competir. Não parei mais.», conta Quintanilha, que é do Benfica e gostaria que fosse campeão, mas não perde o «sono com futebol» e vai poucas vezes ao estádio. Já se o desafiassem para um jogo de NBA era mais facilmente seduzido.

Nadar do outro lado do Atlântico é que não está nos seus planos. «Já fui convidado para um estágio, mas não creio... Achei interessante, mas não... Lá experimentam-se outros métodos de treino, concilia-se a escola com o treino e vive-se em função deste. Mas em Portugal também se trabalha bem, só que são poucos os nadadores que levam a natação a sério. Não temos salários. Eu tenho a bolsa do COP mas se não tivesse se calhar não estava a nadar», avalia. «Em Portugal falta apoio e não é sequer financeiro. É do público, de quem pode organizar eventos. Há pouco envolvimento. Em França, as bancadas estavam cheias. Cá já me aconteceu estar a nadar e ouvir os meus braços a bater na água. Há pouco envolvimento na natação».

22 horas semanais dentro de água

Nuno Quintanilha representa o Louletano mas treina-se em Lisboa. Está no primeiro ano de Desporto e confessa que o curso é «para ir fazendo» porque não é fácil conciliar. «É um pouco difícil. Chego à piscina às 6.30 horas e estou dentro de água até às 8 horas. Depois vou para a faculdade e às vezes tenho três horas de aulas práticas seguidas! Olho para algumas pessoas e pergunto-me como é possível. Saio da faculdade às 16 horas, vou para o Colégio [Vasco da Gama] fazer trabalho de ginásio e regresso à piscina mais umas duas horas».

Vida dedicada quase inteiramente à natação. «Sobra-me pouco tempo livre e quando chego ao fim do dia estou exausto! São 22 horas por semana dentro de água. Gosto de praia, computadores e quando tenho tempo de estar com os amigos», revela.

Há uns anos teve ainda um hobby mas acabou por desistir. «O meu irmão coleccionava os mini exércitos War Hammer, uns kits de madeira e ferro que é preciso construir e pintar. Ainda experimentei, mas era preciso tempo e dedicação. É um jogo de estratégia, consoante o exército que se cria, e há até quem chegue a viajar para o estrangeiro para defrontar outras pessoas...»


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