domingo, 3 de janeiro de 2010

Alexandre Agostinho: “Quero fazer parte do top da natação mundial”


Aos 23 anos, o atleta da Portinado, num início de época conturbado e por algumas lesões, o algarvio neste final de ano de 2009, tornou-se o mais rápido nadador português, e estabeleceu cinco recordes nacionais absolutos. Foi das principais figuras da Selecção Nacional que esteve nos últimos Europeus de Istambul de piscina curta, durante o qual se tornou o primeiro português a atingir uma final de um Campeonato da Europa, na prova rainha da Natação, os 100 metros livres (10º com 47.77). Alexandre Agostinho também foi considerado pela Federação Portuguesa de Natação o Nadador do mês de Dezembro.


Os 5 recordes Nacionais obtidos em Dezembro:
  1. 04/12/2009 - 100m Livres com 47.88 nos Camp. Abs. Leiria.
  2. 10/12/2009 - 50m Livres com 21.64 nos Europeus de Istambul
  3. 11/12/2009 -100m Livres com 47.82 eliminatória Europeus de Istambul
  4. 11/12/2009 - 100m Livres com 47.64 meias-finais Europeus de Istambul
  5. 20/12/2009 – 50m Livres com 21.64 Campeonatos Nacionais da 1.ª e 2.ª Divisões
Onde superou as expectativas do ano transacto e prepara, para este ano, voltar a garantir um lugar na final dos Europeus de Budapeste, sem nunca perder de vista o objectivo máximo da sua carreira: estar nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.
Os RN de Alexandre Agostinho (100m livres com 47.64 e 50m livres com 21.64).
Nesta entrevista ao “CHLORUS”, o nadador algarvio refere os pontos menos bons do início de época (lesões antigas, condições de treino e a falta de piscina de 50m em Portimão), alteração da técnica de nado e a perda dos RN para Venâncio (deu-lhe uma motivação extra para o seu desempenho no Europeu de Istambul) e os fatos de poliuretano e claro o seu objectivo principal, os Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Alexandre Agostinho em entrevista exclusiva ao "CHLORUS" por Joaquim Sousa.

CHLORUS (CH): Esperava ter tido tão bons resultados nos últimos Europeus de Istambul?
Alexandre Agostinho (AA): Para ser sincero não. Tive um início de época um bocado atribulado, onde ressurgiram algumas lesões antigas. Há alguns anos atrás fiz uma subluxação da articulação acromio-clavicular no ombro direito e na época passada fiz outra na mesma articulação, mas do ombro esquerdo. Durante a Taça do Mundo fiquei doente e isso deitou-me fisicamente e sobretudo psicologicamente abaixo. Sentia que não estava num momento de forma como o da época anterior. Esta temporada tentei fazer uma alteração na minha técnica de nado (nadar com os braços esticados) e andei a treinar dois meses e meio essa técnica. Mas depois de visualizar, em conjunto com o meu treinador, algumas filmagens de provas que fiz, sobretudo as da Taça do Mundo, decidimos que não estava a beneficiar muito dessa alteração. Por isso decidi voltar ao modelo antigo, o que foi bastante complicado e sobretudo muito em cima da hora, faltava mais ou menos um mês para o Europeu.
CH: Então o que aconteceu no Europeu? Que técnica ideal foi essa que utilizaste e como não te ressentiste da lesão?
AA: Tenho a certeza que o facto do Tiago Venâncio ter voltado em força me fez de certa forma «acordar». Posso dizer que fiquei de orgulho ferido ao ver os meus recordes terem sido batidos e isso deu-me uma motivação enorme. A técnica que utilizei foi a mesma que sempre utilizei, o modelo clássico. A lesão do ombro esquerdo está controlada, a do ombro direito é que tem dias que me dói um pouco, outros que não me dói. Penso que é uma coisa que vou ter que viver para o resto da minha carreira.
CH: Acha que, com esta prestação, despertou outros olhares que antes não te viam como um nadador de top?
AA: Penso que sim. Apesar de eu não nadar para os outros. Eu nado apenas para mim, para mostrar a mim mesmo que sou capaz de chegar onde quero e ambiciono. Quero fazer parte do top da natação mundial. Quero ser um nadador que marca constantemente presença em finais nas grandes competições, que luta pelas medalhas, que faz grandes tempos. Para 2010, o objectivo é, no Europeu de piscina longa em Budapeste, voltar, pelo menos, a repetir uma final.
CH: E no subconsciente não estão os Jogos Olímpicos?
AA: Claro. Esse é o objectivo principal. O Europeu e o Mundial são objectivos intermédios, com grande importância para preparar esse objectivo principal que são os Jogos. E melhorar a classificação, penso que é um objectivo realista, de preferência nas finais dos 50 e 100 metros livres. Eu já acabei o meu curso (fisioterapia), pelo que agora vou dedicar-me inteiramente à natação. Mas não penso em sair de Portugal, pelo menos até 2012. Gostava bastante de poder ir treinar para outro país, para mudar, ter experiência com outras realidades e metodologias, mas por enquanto não estou a pensar em sair. Estou certo que é o melhor caminho a seguir até 2012, em conjunto com o meu treinador (Paulo Costa).
CH: Os treinos continuam a ser divididos por várias piscinas?
AA: Eu costumo treinar em Portimão e na Quarteira, pelo menos nesta altura. Quando começa a ser possível utilizar a piscina ao ar livre, aí sim vou treinar a Loulé.
CH: Quanto estará pronta a nova piscina de Portimão, há previsão?
AA: Sinceramente não faço ideia. Ainda não começou a ser construída e não sei quando é que começa.
CH: A partir da nova piscina poderão começar a despontar mais nadadores?
AA: Claro que as condições com a nova piscina irão melhorar muito. Actualmente é bastante difícil treinar em Portimão, porque a piscina é muito pequena para tanta gente. Mesmo assim vejo nadadores do meu clube com um enorme potencial.
CH: Que impacto acha que vai ter a não utilização dos fatos de natação de poliuretano?
AA: É sabido que os fatos tinham um papel muito importante nos tempos obtidos. Claro que em 2010 muito provavelmente não se vão voltar a fazer os tempos que se fizeram o ano passado, mas acho que é um desafio bastante interessante tentar melhorar os tempos feitos com os fatos sem eles.

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